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Sem título – Álvares de Azevedo

ITenho um seio que deliraComo as tuas harmonias!Que treme quando suspira,Que geme como gemias! IITenho músicas ardentes,Ais do meu amor insano,Que palpitam mais dormentesDo que os sons do teu piano! IIITenho cordas argentinasQue a noite faz acordar,Como as nuvens peregrinasDas gaivotas do alto mar! IVComo a teus dedos lindinhosO teu piano gemer,Vibra-me o seio aos …

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Para sempre – Carlos Drummond de Andrade

Por que Deus permiteque as mães vão-se embora?Mãe não tem limite,é tempo sem hora,luz que não apagaquando sopra o ventoe chuva desaba,veludo escondidona pele enrugada,água pura, ar puro,puro pensamento.Morrer acontececom o que é breve e passasem deixar vestígio.Mãe, na sua graça,é eternidade.Por que Deus se lembra— mistério profundo —de tirá-la um dia?Fosse eu Rei do …

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Pequena Memória Para Um Tempo Sem Memória (A Legião dos Esquecidos)

Memória de um tempo onde lutarPor seu direitoÉ um defeito que mata São tantas lutas inglóriasSão histórias que a históriaQualquer dia contará De obscuros personagensAs passagens, as coragensSão sementes espalhadas nesse chão De Juvenais e de RaimundosTantos Júlios de SantanaDessa crença num enorme coração Dos humilhados e ofendidosExplorados e oprimidosQue tentaram encontrar a solução São …

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Semear Amor

Chega de viver só por viver Chega de pensar só por pensar Faça sua mente esclarecer Dentro de si mesmo vá buscar Amor e harmonia, paz e compaixão Aprenda à perdoar para obter perdão Não espere nada em troca se estender a mão Para ser verdadeiro tem que ser de coração Na hora boa ou …

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Sem Pensar

Era difícil acreditar que os bons tempos podiam voltar, e ninguém mais iria sem machucar mesmo assim eu tentei, os meus valores eu te dei, sem pensar, sem pensar O que iria achar, e nada mais importa vejo que fechou as portas pra mim… Não vou mais tentar, cansei de te esperar, de te esperar, …

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Sem Amarras

Sem amarras sobre os meus pés Me pus a andar Há muito tempo quis encontrar O caminho Nada a perder Nada a temer Ninguém por lembrar Por esquecer Navegante sem rumo fui E naufraguei Cada rua, cada lugar Fui conhecendo Às vezes perdi Às vezes ganhei E soube também Me defender bem Prendo a respiração, …

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Sem Parar

Eu quero ver você cantar e não ter nada que faça você parar Eu quero ver você dançar Como se o mundo inteiro fosse acabar E outra noite vem vem Eu te espero aqui Dane-se o mundo só me importo em te ver sorrir E eu sei que é mais fácil se eu te levar …

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Sem Parar

A vida é feito andar de bicicleta: se parar você cai. Vai em frente sem parar, que a parada é suicida, porque a vida é muito curta e a estrada é comprida. Você sobe e você desce na escada da vida e às vezes parece que a batalha tá perdida e que você voltou pro …

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Fim De Semana No Parque

 A TODA COMUNIDADE POBRE DA ZONA SUL"Chegou fim de semana todos querem diversãoSó alegria nós estamos no verão, mês de JaneiroSão Paulo Zona SulTodo mundo a vontade calor céu azulEu quero aproveitar o solEncontrar os camaradas prum basquetebolNão pega nadaEstou à 1 hora da minha quebradaLogo mais, quero ver todos em pazUm dois três carros …

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A carta

Escrevo-teEstas mal traçadas linhasMeu amorPorque veio a saudadeVisitar meu coraçãoEspero que desculpesOs meus erros por favorNas frases desta cartaQue é uma prova de afeição Talvez tu não a leiasMas quem sabe até darásResposta imediataMe chamando de meu bemPorém o que me importaÉ confessar-te uma vez maisNão sei amar na vidaMais ninguém Tanto tempo fazQue li …

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Tuareg

Na areia branca do deserto escaldanteEle nasceu, cresceu guerreandoCaminhando dia e noiteNo deserto sem errar Pois com muita fé, ele só para pra rezarPois pela direção do sol e das estrelasNo oásis escondido, água ele vai acharPois o homem de véu azul é o prometido de Alá Pois ele é guerreiroEle é bandoleiroAh, ele é …

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Mar e sol

Um SolEu souPara o seu mar, ó meu amor;VocêO mar éPara o meu Sol, para eu me pôr; Me pôrEm você,Me espelhar, me espalhar;Meu SolDe arrebolDeitar no leito de seu mar – E entrar em você,Em você queimar, arder;Em você tremer, em você,Em você morrer, morrer. Um só,Um nóDe fogo e água, terra e céu,A …

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Para a menina – Conceição Evaristo

Para todas as meninas e meninos de cabelos trançados ou sem tranças. Desmancho as tranças da meninae os meus dedos trememmedos nos caminhosrepartidos de seus cabelos. Lavo o corpo da meninae as minhas mãos tropeçamdores nas marcas-lembrançasde um chicote traiçoeiro. Visto a meninae aos meus olhosa cor de sua vesteinsiste e se confundecom o sangue …

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Da calma e do silêncio – Conceição Evaristo

Quando eu mordera palavra,por favor,não me apressem,quero mascar,rasgar entre os dentes,a pele, os ossos, o tutanodo verbo,para assim versejaro âmago das coisas.Quando meu olharse perder no nada,por favor,não me despertem,quero reter,no adentro da íris,a menor sombra,do ínfimo movimento.Quando meus pésabrandarem na marcha,por favor,não me forcem.Caminhar para quê?Deixem-me quedar,deixem-me quieta,na aparente inércia.Nem todo viandanteanda estradas,há mundos …

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Da menina, a pipa – Conceição Evaristo

Da menina a pipae a bola da veze quando a sua íntimapele, macia seda, brincavano céu descoberto da ruaum barbante áspero,másculo cerol, cruelrompeu a tênue linhada pipa-borboleta da menina. E quando o papelseda esgarçadada meninaestilhaçou-se entreas pedras da calçadaa menina rolouentre a dore o abandono. E depois, sempre dilacerada,a menina expulsou de siuma boneca ensangüentadaque …

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A noite não adormece nos olhos das mulheres – Conceição Evaristo

Em memória de Beatriz Nascimento A noite não adormecenos olhos das mulheresa lua fêmea, semelhante nossa,em vigília atenta vigiaa nossa memória. A noite não adormecenos olhos das mulhereshá mais olhos que sonoonde lágrimas suspensasvirgulam o lapsode nossas molhadas lembranças. A noite não adormecenos olhos das mulheresvaginas abertasretêm e expulsam a vidadonde Ainás, Nzingas, Ngambelese outras …

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Do azul, num soneto – Alphonsus de Guimaraens Filho

Verificar o azul nem sempre é puro.Melhor será revê-lo entre as ramadasE os altos frutos de um pomar escuro— Azul de ténues bocas desoladas. Melhor será sonhá-lo em madrugadas,Claro, inconstante azul sempre imaturo,Azul de claridades sufocadasLatejando nas pedras — nascituro. Não este azul, mas outro e dolorido,Evanescente azul que na orvalhadaFicou, pétala ingênua, torturada. Recupero-o, …

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Negro-Estrela – Conceição Evaristo

Em memória de Osvaldo, doce companheiro meu, pelo tempo que a vida nos permitiu Quero te viver na plenitudedo momento gastovivido em toda sua essênciasem sobra ou falta. Quero te viver,vivendo o tempo exatode nossa vida. Quero te viverme vivendo plenado teu, do nossovazio buraco.Quero te viver, Negro-Estrela,compondo em mim constelaçõesde tua presençapara quando um …

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EPITÁFIO PARA O SÉC XX – Affonso Romano de Sant`Anna

1. Aqui jaz um séculoonde houve duas ou três guerrasmundiais e milharesde outras pequenase igualmente bestiais. 2. Aqui jaz um séculoonde se acreditouque estar à esquerdaou à direitaeram questões centrais. 3. Aqui jaz um séculoque quase se esvaiuna nuvem atômica.Salvaram-no o acasoe os pacifistascom sua homeopáticaatitude— nux-vômica. 4. Aqui jaz o séculoque um muro dividiu.Um …

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Carta aos – Affonso Romano de Sant`Anna

Carta aosMortosAmigos, nadamudouem essência.Os saláriosmal dão para os gastos,as guerras não terminarame há vírus novos e terríveis,embora o avanço da medicina.Volta e meia um vizinhotomba morto por questão de amor.Há filmes interessantes, é verdade,e como sempre, mulheres portentosasnos seduzem com suas bocas e pernas,mas em matéria de amornão inventamos nenhuma posição nova.Alguns cosmonautas ficam no …

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À minha extremosa amiga D. Ana Francisca Cordeiro – Maria Firmina dos Reis

Donzela, tu suspiras – esse pranto, Que vem do coração banhar teu rosto, Esse gemer de lânguido penar, Revela amarga dor – imo desgosto: Amiga… acaso cismas ao luar, Terno segredo de ignoto amor?!… Soltas madeixas desprendidas voam Por sobre os ombros de nevada alvura; Tua fronte pálida os pesares c’roam Como auréola de martírio… pura, Cândida virgem… que abandono o teu? Sonhas acaso com …

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Meditação – Maria Firmina dos Reis

(À minha querida irmã – Amália Augusta dos Reis)     Vejamos pois esta deserta praia, Que a meiga lua a pratear começa, Com seu silêncio se harmoniza esta alma, Que verga ao peso de uma sorte avessa. Oh! meditemos na soidão da terra, Nas vastas ribas deste imenso mar; Ao som do vento, que sussurra triste, Por entre os leques do gentil …

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Sonhei – Carolina Maria de Jesus

Sonhei que estava mortaVi um corpo no caixãoEm vez de flores eram IivrosQue estavam nas minhas mãosSonhei que estava estendidaNo cimo de uma mesaVi o meu corpo sem vidaEntre quatro velas acesas Ao lado o padre rezavaComoveu-me a sua oraçãoAo bom Deus ele imploravaPara dar-me a salvaçãoSuplicava ao Pai EternoPara amenizar o meu sofrimentoNão me …

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O mar – Jacinta Passos

Múrmuro e lento,o mar ao longe se espraia.Geme e brame, ruge e clamao seu tormento,e, soluçando, vem morrer na praia.O mar imenso…Quando eu escuto o seu rumor soturno,fico a cismar.Pensono destino do mar– ser eterno cantor –cantar a sua dor de eterno insatisfeito,cantar o seu sonho infinito desfeito,cantar o mesmo canto que embaloua infância do …

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Sem título – Paulo Leminski

Eu tão isóscelesVocê ânguloHipótesesSobre o meu tesão Teses síntesesAntítesesVê bem onde pisesPode ser meu coração Paulo Leminski Autor: Paulo Leminski

Não há vagas – Ferreira Gullar

O preço do feijãonão cabe no poema. O preçodo arroznão cabe no poema.Não cabem no poema o gása luz o telefonea sonegaçãodo leiteda carnedo açúcardo pão O funcionário públiconão cabe no poemacom seu salário de fomesua vida fechadaem arquivos.Como não cabe no poemao operárioque esmerila seu dia de açoe carvãonas oficinas escuras – porque o …

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A infância – Ariano Suassuna

Sem lei nem Rei, me vi arremessadobem menino a um Planalto pedregoso.Cambaleando, cego, ao Sol do Acaso,vi o mundo rugir. Tigre maldoso. O cantar do Sertão, Rifle apontado,vinha malhar seu Corpo furioso.Era o Canto demente, sufocado,rugido nos Caminhos sem repouso. E veio o Sonho: e foi despedaçado!E veio o Sangue: o marco iluminado,a luta extraviada …

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O fazedor de amanhecer – Manoel de Barros

Sou leso em tratagens com máquina.Tenho desapetite para inventar coisas prestáveis.Em toda a minha vida só engenhei3 máquinasComo sejam:Uma pequena manivela para pegar no sono.Um fazedor de amanhecerpara usamentos de poetasE um platinado de mandioca para ofordeco de meu irmão.Cheguei de ganhar um prêmio das indústriasautomobilísticas pelo Platinado de Mandioca.Fui aclamado de idiota pela maioriadas …

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Prefácio – Manoel de Barros

Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —sem nome.Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.Insetos errados de cor caíam no mar.A voz se estendeu na direção da boca.Caranguejos apertavam mangues.Vendo que havia na terraDependimentos demaisE tarefas muitas —Os homens começaram a roer unhas.Ficou certo pois nãoQue as moscas iriam …

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Aprendimentos – Manoel de Barros

O filósofo Kierkegaard me ensinou que culturaé o caminho que o homem percorre para se conhecer.Sócrates fez o seu caminho de cultura e ao fimfalou que só sabia que não sabia de nada. Não tinha as certezas científicas. Mas que aprendera coisasdi-menor com a natureza. Aprendeu que as folhasdas árvores servem para nos ensinar a …

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O sonho – Clarice Lispector

Sonhe com aquilo que você quer ser,porque você possui apenas uma vidae nela só se tem uma chancede fazer aquilo que quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.Dificuldades para fazê-la forte.Tristeza para fazê-la humana.E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.Elas sabem fazer o melhor das oportunidadesque aparecem …

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Clara – Casimiro de Abreu

Não sabes, Clara, que penaEu teria se – morenaTu fosses em vez de clara!Talvez… Quem sabe?… não digo…Mas refletindo comigoTalvez nem tanto te amara! A tua cor é mimosa, Brilha mais da face a rosa,Tem mais graça a boca breve.O teu sorriso é delírio…És alva da cor do lírio,És clara da cor da neve! A morena …

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O pobre poema – Mário Quintana

Eu escrevi um poema horrível!É claro que ele queria dizer alguma coisa…Mas o quê?Estaria engasgado?Nas suas meias-palavras havia no entanto uma ternura mansa como a que se vê nos olhos de uma criança doente, uma precoce, incompreensível gravidadede quem, sem ler os jornais,soubesse dos seqüestrosdos que morrem sem culpados que se desviam porque todos os …

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O tempo – Mário Quintana

A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…Quando se vê, já é 6ª-feira…Quando se vê, passaram 60 anos!Agora, é tarde demais para ser reprovado…E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,eu nem olhava o relógioseguia sempre em frente… E …

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Desde sempre em mim – Hilda Hilst

Contente. Contente do instante Da ressurreição, das insônias heroicas Contente da assombrada canção Que no meu peito agora se entrelaça. Sabes? O fogo iluminou a casa. E sobre a claridade do capim Um expandir-se de asa, um trinado Uma garganta aguda, vitoriosa. Desde sempre em mim. Desde Sempre estiveste. Nas arcadas do Tempo Nas ermas …

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Eu – Clarice Lispector

Sou composta por urgências:minhas alegrias são intensas;minhas tristezas, absolutas.Entupo-me de ausências,Esvazio-me de excessos.Eu não caibo no estreito,eu só vivo nos extremos. Pouco não me serve,médio não me satisfaz,metades nunca foram meu forte! Todos os grandes e pequenos momentos,feitos com amor e com carinho,são pra mim recordações eternas.Palavras até me conquistam temporariamente…Mas atitudes me perdem ou …

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Mas há a vida – Clarice Lispector

Mas há a vidaque é para serintensamente vivida, há o amor. Que tem que ser vividoaté a última gota.Sem nenhum medo.Não mata. Clarice Lispector Autor: Clarice Lispector

Nossa truculência – Clarice Lispector

Quando penso na alegria vorazcom que comemos galinha ao molho pardo,dou-me conta de nossa truculência.Eu, que seria incapaz de matar uma galinha,tanto gosto delas vivasmexendo o pescoço feioe procurando minhocas.Deveríamos não comê-las e ao seu sangue?Nunca.Nós somos canibais,é preciso não esquecer.E respeitar a violência que temos.E, quem sabe, não comêssemos a galinha ao molho pardo,comeríamos …

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O segredo – Clarice Lispector

Há uma palavra que pertence a um reino que me deixa muda de horror. Não espantes o nosso mundo, não empurres com a palavra incauta o nosso barco para sempre ao mar. Temo que depois da palavra tocada fiquemos puros demais. Que faríamos de nossa vida pura? Deixa o céu à esperança apenas, com os …

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Quero escrever o borão vermelho de sangue – Clarice Lispector

Quero escrever o borrão vermelho de sanguecom as gotas e coágulos pingandode dentro para dentro.Quero escrever amarelo-ourocom raios de translucidez.Que não me entendampouco-se-me-dá.Nada tenho a perder.Jogo tudo na violênciaque sempre me povoou,o grito áspero e agudo e prolongado,o grito que eu,por falso respeito humano,não dei. Mas aqui vai o meu berrome rasgando as profundas entranhasde …

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Sonhe – Clarice Lispector

Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que quer. Tenha felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem …

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Para ir à lua – Cecília Meireles

Enquanto não têm foguetespara ir à Luaos meninos deslizam de patinetepelas calçadas da rua. Vão cegos de velocidade:mesmo que quebrem o nariz,que grande felicidade!Ser veloz é ser feliz. Ah! se pudessem ser anjosde longas asas!Mas são apenas marmanjos. Cecília Meireles Autor: Cecilia Meireles

O lupanar – Augusto dos Anjos

Ah! Por que monstruosíssimo motivoPrenderam para sempre, nesta rede,Dentro do ângulo diedro da parede,A alma do homem polígamo e lascivo?!Este lugar, moços do mundo, vêde:É o grande bebedouro colectivo,Onde os bandalhos, como um gado vivo,Todas as noites, vêm matar a sede!É o afrodístico leito do hetairismo,A antecâmara lúbrica do abismo,Em que é mister que o …

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Vagabundo – Álvares de Azevedo

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,Fumando meu cigarro vaporoso;Nas noites de verão namoro estrelas;Sou pobre, sou mendigo, e sou ditoso! Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;Mas tenho na viola uma riqueza:Canto à lua de noite serenatas,E quem vive de amor não tem pobreza. Não invejo ninguém, nem ouço a raivaNas cavernas do …

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Malva maça – Álvares de Azevedo

De teus seios tão mimososQuem gozasse o talismã!Que ali deitasse a fronteCheia de amoroso afã!E quem nele respirasseA tua malva-maçã! Dá-me essa folha cheirosaQue treme no seio teu!Dá-me a folha… hei de beijá-laSedenta no lábio meu!Não vês que o calor do seioTua malva emurcheceu… (…) Descansar nesses teus braçosFora angélica ventura:Fora morrer — nos teus …

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A caridade – Augusto dos Anjos

No universo a caridadeEm contraste ao vicio infandoÉ como um astro brilhandoSobre a dor da humanidade! Nos mais sombrios horroresPor entre a mágoa nefastaA caridade se arrastaToda coberta de flores! Semeadora de carinhosEla abre todas as portasE no horror das horas mortasVem beijar os pobrezinhos. Torna as tormentas mais calmasOuve o soluço do mundoE dentro …

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Poema da necessidade – Carlos Drummond de Andrade

É preciso casar João,é preciso suportar Antônio,é preciso odiar Melquíadesé preciso substituir nós todos. É preciso salvar o país,é preciso crer em Deus,é preciso pagar as dívidas,é preciso comprar um rádio,é preciso esquecer fulana. É preciso estudar volapuque,é preciso estar sempre bêbado,é preciso ler Baudelaire,é preciso colher as floresde que rezam velhos autores. É preciso …

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Poema que aconteceu – Carlos Drummond de Andrade

Nenhum desejo neste domingo Nenhum problema nesta vida O mundo parou de repente Os homens ficaram calados Domingo sem fim nem começo. A mão que escreve este poema Não sabe o que está escrevendo Mas é possível que se soubesse Nem ligasse Carlos Drummond de Andrade Autor: Carlos Drummond de Andrade

Sentimento do mundo – Carlos Drummond de Andrade

Tenho apenas duas mãose o sentimento do mundo,mas estou cheio de escravos,minhas lembranças escorreme o corpo transigena confluência do amor.Quando me levantar, o céuestará morto e saqueado,eu mesmo estarei morto,morto meu desejo, mortoo pântano sem acordes.Os camaradas não disseramque havia uma guerrae era necessáriotrazer fogo e alimento.Sinto-me disperso,anterior a fronteiras,humildemente vos peçoque me perdoeis.Quando os …

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Tarde de maio – Carlos Drummond de Andrade

Como esses primitivos que carregam por toda parte omaxilar inferior de seus mortos,assim te levo comigo, tarde de maio,quando, ao rubor dos incêndios que consumiam a terra,outra chama, não perceptível, tão mais devastadora,surdamente lavrava sob meus traços cômicos,e uma a uma, disjecta membra, deixava ainda palpitantese condenadas, no solo ardente, porções de minh’almanunca antes nem …

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Despedida – Álvares de Azevedo

Se entrares, ó meu anjo, alguma vezNa solidão onde eu sonhava em ti,Ah! vota uma saudade aos belos diasQue a teus joelhos pálido vivi! Adeus, minh’alma, adeus! eu vou chorando…Sinto o peito doer na despedida…Sem ti o mundo é um deserto escuroE tu és minha vida… Só por teus olhos eu viver podiaE por teu …

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Eutanásia – Álvares de Azevedo

Ergue-te daí, velho! ergue essa fronte onde o passado afundou suas rugas como o vendaval no Oceano, onde a morte assombrou sua palidez como na face do cadáver, onde o simoun do tempo ressicou os anéis louros do mancebo nas cãs alvacentas de ancião?Por que tão lívido, ó monge taciturno, debruças a cabeça macilenta no …

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Idéias íntimas – Álvares de Azevedo

FRAGMENTO.La chaise ou je m’assieds, la natte ou je me couche,La table ou je t’écris, ……………………….…………………………………………….Mes gros souliers ferrés, mon bâton, mon chapeau,Mes livres pêle-mêle entassés sur leur planche……………………………………………..De cet espace étroit sont tout l’ameublement.LAMARTINE. Jocelyn. I Ossian o bardo é triste como a sombraQue seus cantos povoa. O LamartineE’ monótono e belo como a …

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José – Carlos Drummond de Andrade

E agora, José?A festa acabou,a luz apagou,o povo sumiu,a noite esfriou,e agora, José?e agora, você?você que é sem nome,que zomba dos outros,você que faz versos,que ama, protesta?e agora, José? Está sem mulher,está sem discurso,está sem carinho,já não pode beber,já não pode fumar,cuspir já não pode,a noite esfriou,o dia não veio,o bonde não veio,o riso não …

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Amar – Carlos Drummond de Andrade

Que pode uma criatura senão,entre criaturas, amar?amar e esquecer, amar e malamar,amar, desamar, amar?sempre, e até de olhos vidrados, amar? Que pode, pergunto, o ser amoroso,sozinho, em rotação universal,senão rodar também, e amar?amar o que o mar traz à praia,o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,é sal, ou precisão de amor, ou …

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Memória – Carlos Drummond de Andrade

Amar o perdidodeixa confundidoeste coração. Nada pode o olvidocontra o sem sentidoapelo do Não. As coisas tangíveistornam-se insensíveisà palma da mão Mas as coisas findasmuito mais que lindas,essas ficarão. Carlos Drummond de Andrade Autor: Carlos Drummond de Andrade

Solidão – Paulo César Pinheiro

Eu sozinho sou mais forteMinh’alma mais atrevidaNão fujo nunca da vidaNem tenho medo da morte Eu sozinho de verdadeEncontro em mim minha essênciaNão faço caso de ausênciaE nem me incomoda a saudade Eu sozinho em estado brutoSou força que principiaSou gerador de energiaDe mim mesmo absoluto Eu sozinho sou imensoNão meço nunca o meu passoNão …

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Cultura – Arnaldo Antunes

O girino é o peixinho do sapoO silêncio é o começo do papoO bigode é a antena do gatoO cavalo é pasto do carrapato O cabrito é o cordeiro da cabraO pescoço é a barriga da cobraO leitão é um porquinho mais novoA galinha é um pouquinho do ovo O desejo é o começo do …

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Eu-Mulher – Conceição Evaristo

Uma gota de leiteme escorre entre os seios.Uma mancha de sangueme enfeita entre as pernas.Meia palavra mordidame foge da boca.Vagos desejos insinuam esperanças.Eu-mulher em rios vermelhosinauguro a vida.Em baixa vozviolento os tímpanos do mundo.Antevejo.Antecipo.Antes-vivoAntes – agora – o que há de vir.Eu fêmea-matriz.Eu força-motriz.Eu-mulherabrigo da sementemoto-contínuodo mundo. Conceição Evaristo Autor: Conceição Evaristo

Frutífera – Conceição Evaristo

– Da solidão do fruto –De meu corpo ofereçoas minhas frutescências,casca, polpa, semente.E vazada de mim mesmacom desmesurada gulaapalpo-me em ofertaa fruta que sou. Mastigo-mee encontro o coraçãode meu próprio fruto,caroço aliciado,a entupir os vaziosde meus entrededos. – Da partilha do fruto –De meu corpo ofereçoas minhas frutescências,e ao leve desejo-roçarde quem me acolhe,entrego-me aos …

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Camisa amarela

Encontrei o meu pedaço na avenidaDe camisa amarelaCantando a FlorisbelaA FlorisbelaConvidei-o a voltar pra casa em minha companhiaExibiu-me um sorriso de ironiaE desapareceu no turbilhão da galeriaNão estava nada bomO meu pedaço na verdadeEstava bem mamadoBem chumbado, atravessadoFoi por aí cambaleandoSe acabando num cordãoCom um reco-reco na mãoMais tarde o encontrei num café do rapaDo …

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Noites cariocas

Sei que ao meu coração só lhe resta escolherOs caminhos que a dor sutilmente traçouPara lhe aprisionarNem lhe cabe sonhar com o que definhouVou me repreender pra não mais me envolverNessas tramas de amorEu bem sei que nós dois somos bem desiguaisPara que martelar, insistir, reprisar?Tanto faz, tanto fezEu por mim desisti, me cansei e …

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Reencarnação

Pai, criador do universoQuero lhe pedir perdãoPelos erros cometidosEspero não chamar seu nome em vão A gente aqui na Terra erraMuitas vezes sem razãoPeço ao CriadorQuero voltar na reencarnação Sei que vou subirMeu pensamento está na descidaEspero que o bom zambi me devolvaTudo de bom que tenho nesta vida O som do surdo e o …

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Luandaluar

Luanda lua anda logo anda luarNua anda a lua na vereda do marVou meio cego sem rumo a esperarQue da noite nasça o diaOu luar pra clarear Se não canto mais canção de amorÉ por amor bem maiorQue o amor de uma cançãoÉ verdadeSe hoje canto a minha dorÉ porque a dor que trago em …

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Barravento

Noite de breu sem luarLá vai saveiro pelo marLevando Bento e Chicão,Lá vai o pranto uma oraçãoSe barravento chegar,Não vai ter peixe pra venderFilho sem pai pra criar,Mulher viúva pra sofrer barraventoSalve mãe Iemanjá, barraventoNão deixe ele chegáNão leve o bom Chicão, barraventoSalve mãe IemanjáNão quero mais viver, JanaínaSe Bento não voltarMeu coração vai ser …

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Semente e fruto

Tomara, seja sempre assim, tomaraTempos viverão em nósPura energia, paz e alegriaHarmonia em nossa alma A vida há de ser assimA onda vem beijar o caisEm todo continente o sol vai nascerPra toda nossa gente a esperançaAonde for esteja a fimDa paz fruto do amor, em si Tomara, seja sempre assim, tomaraTempos viverão em nósPura …

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Sanharó

Ê, ê sanharóÊ, ê sanharó Isso é tambor de crioulaQue vem lá do MaranhãoCanta guia de nós pretoGuia da libertação Sanharó já me mordeuMenina eu vou te contarTrês noites eu dormi de bruçoE sem poder me virar O tambor veio do nordesteFazer sucesso no sulJoão do vale de PedreirasTião de Cururupu Essa abelha morde(Sanharó)Te morde …

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Sagarana

A ver, no em-sidoPelos campos-claro: estóriasSe deu passado esse casoVivência é memóriaNos GeraisA honra é-que-é-que se aprazCada quãoSabia sua distinçãoVai que foi sobreEsse era-uma-vez, ‘sas passagensEm beira-riachoMorava o casal: personagensPersonagens, personagensA mulherTinha o morenês que se querVerdeolharDos verdes do verde invejarDentro lá delesDiz-que existia outro geraisQuem o qual, dono seuEsse era erroso, no à-ponto-de ser …

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Vou deitar e rolar (Quaquaraquaquá)

Não venha querer se consolarQue agora não dá mais péNem nunca mais vai darTambém, quem mandou se levantar?Quem levantou pra sairPerde o lugar E agora, cadê teu novo amor?Cadê, que ele nunca funcionou?Cadê, que ele nada resolveu? Quaquaraquaquá, quem riu?Quaquaraquaquá, fui euQuaquaraquaquá, quem riu?Quaquaraquaquá, fui eu Ainda sou mais eu Você já entrou na de …

Vou deitar e rolar (Quaquaraquaquá) Leia mais »

Cão sem dono

É nas noites que eu passo sem sonoEntre o copo, a vitrola e a fumaçaQue ergo a torre do meu abandonoE que caio em desgraçaÉ nas horas em que a noite faz frioE a lembrança ao castigo me arrastaSolidão é o carrasco sombrioE a saudade a vergastaSe eu cantar a alegria sai falsaSe eu calar …

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Marina no ar

Antes era a paisagemMeio céu e meio chãoUma voz quenteCanta contenteI am alone with youWe are lonely no moreQuem era? Quem é ela? Nuvens passam depressaPassa o tempo devagarUma voz quenteCanta no rádioI am alone with youWe are lonely no more MarinaIluminaMeu silêncio, minhas noites vãsMinhas manhãs desertas de paixãoMeu coração sem SolMeu sonho de …

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Devagarinho

Hoje você não me escapaVou te confessar que tu me deixa piradaProvavelmente você vemProvavelmente hoje tem Gosto dessa sua pegadaSó de olhar pra mim, você me deixa suadaÉ só chamar que você vemÉ só chamar A gente pega fogoSe entrega sem pensarTu beija meu pescoçoMe faz arrepiarTua mão pelo meu corpoAdora se perderNinguém faz mais …

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Benzinho (Dear Someone)

BenzinhoPor que deixou-me assimSozinhoE triste e a recordarO seu beijo, seu carinhoO seu modoDe falarNão consigo viver assimBenzinho tenha dó de mimBenzinhoNão sei qual a razãoBenzinhoÉ seu meu coraçãoNão consigo te esquecerSem seu beijoNão sei viverNão resisto à tanta dorNão sei porque você não quer me dá o seu amor oh ohBenzinhoPor que deixou-me assim

Sonho de um carnaval

Carnaval, desenganoDeixei a dor em casa me esperandoE brinquei e gritei e fui vestido de reiQuarta-feira sempre desce o pano Carnaval, desenganoEssa morena me deixou sonhandoMão na mão, pé no chãoE hoje nem lembra nãoQuarta-feira sempre desce o pano Era uma canção, um só cordãoE uma vontadeDe tomar a mãoDe cada irmão pela cidade No …

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Carango

Copacabana, carro vai zarparTodo lubrificadoPra não enguiçarRoda talalarga genialBotando minha bancaMuito naturalSimbora!…1, 2, 3 Camisa verde claroCalça saint-tropezE combinando com o carangoTodo mundo vêNinguém sabe o duro que deiPra ter fon fonTrabalhei, trabalheiPra ter fon fonTrabalhei, trabalhei Depois das seisTem que acender farolGarota de menorNão pode ser sem solAh!Barra da tijuca já mixouA onda agora …

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Maravida

Era uma vez no meio da vidaEssa coisa assim, tanto mar, tanto marCoisa de doce e de salEssa vida assim, tanto mar, tanto mar Sempre o mar, cores indoDo verde mais verde, ao anil mais anilCores do sol e da chuvaDo sol e do vento, do sol e luar Era eu nua na ruaUsando e …

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Maravida

Era uma vez eu no meio da vidaEssa vida assim, tanto mar, tanto marCoisa de doce e de salEssa vida assim, tanto mar, tanto marSempre o mar, cores indoDo verde mais verde ao anil mais anilCores do sol e da chuvaDo sol e do vento, do sol e o luarEra o tempo na rua e …

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Andarilho

Andarilho corre soltoE tanto voaAndarilho rio e marTanto navegaA canoa, o bem do mar, aquela terra Oração à IemanjáAndarilho é tão azulUm céu inteiroAndarilho é um oceano sem desertoCigania Norte e Sul, aquela terraCoração me faz cantarAndarilho deve ser assimTer a sina de partir tanto de si Mas voltar, quem sabe um dia, àquela terraOnde …

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Desempena

Quando você se fartarDe viver mais ou menosVai ter menos tempoVai sair correndoVai lembrar de mim Ô disciplicenteNão sente que o tempoTe come de quatro eUm quarto de tempoÉ o que tens pra emplacarOu aplacar a dor O tanto que eu te quero bemÉ o tanto que eu brigoE de tanto que eu brigoEu te …

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Sempre Ângela

Ah! Pela boca do auto-falantePara o mais variado e distanteCanto da cidade, a tua vozAh! Ninguém tinha o seu botãoAh! E aquela audição coletivaQue tornava pra nós bem mais viva a emoçãoEra você ou CaubyDe quem agora aquiOntem, hoje e amanhãSou eterno fã Ah! Despertar nos corações amantes a paixãoE naqueles instantesA felicidade era demaisAh! …

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Mil Faces de um Homem Leal (Marighella)

Carlos MarighellaCarlos Marighella essa mensagem é para os operários de São PauloDa Guanabara, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Rio Grande Do SulIncluindo os trabalhadores do interiorPara criar o núcleo do exército de libertaçãoCarlos Marighella, Carlos MarighellaCarlos Marighella (Carlos Marighella) o poder pertence ao povo(Carlos Marighella) nosso lema é unir as forças revolucionarias(Em qualquer parte do Brasil, …

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AmarElo

[Belchior]Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sortePorque apesar de muito moço, me sinto são e salvo e forteE tenho comigo pensado: Deus é brasileiro e anda do meu ladoE assim já não posso sofrer no ano passado Tenho sangrado demaisTenho chorado pra cachorroAno passado eu morriMas esse ano eu não morroTenho sangrado demaisTenho …

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Vou renovar

Vou renovarSou um cantador da classe médiaE trago por satisfaçãoCantar para o ser humanoQue me ouve com atençãoDo que eu vejo todo diaFaço verso e melodiaPra poder ganhar meu pão Vou renovar, vou renovarCanto para a classe ACanto para a classe BCantoria popularQue não é nem A nem BCuja fonte está no povoOnde eu vou …

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Maracatu atômico

Manamaê ôManamaê ôManamaê ôManamaê ô Atrás do arranha-céu temO céu, tem o céuE depois tem outro céu semEstrelasEm cima do guarda-chuva temA chuva, tem a chuvaQue tem gotas tão lindas queAté dá vontade deComê-las Manamaê ôManamaê ôManamaê ôManamaê ô No meio da couve-flor temA flor, tem a florQue além de ser uma flor temSabor Dentro …

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Samba do carioca

Vamos, cariocaSai do teu sono devagarO dia já vem vindo aíO sol já vai raiarSão Jorge, teu padrinhoTe dê cana pra tomarXangô, teu pai, te dêMuitas mulheres para amarVai o teu caminhoÉ tanto carinho para darCuidando do teu benzinhoQue também vai te cuidarMas sempre morandinhoEm quem não tem com quem morarNa base do sozinho não …

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Arco-Íris

Azul reiVerde marEu pedi ao arco írisPara me emprestarE lhe dei sem pensarPois preciso do infinito que você me dá Mais que coisa linda quem me deraEra só quimera pra um sonhadorLembro o tempo que ficouAli na areiaNa noite de estrelasNa roda de viola E você que era só quimeraHoje é minha vidaHoje é meu …

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Semente

Cada verso é um sementeNo deserto do meu peitoE onde rompe a grama verdeVou deitando o desalento No largo de alguma bocaNo rasgo de algum sorrisoNo gesto de algum lampejoNa rima de um improvisoNas curvas de uma morenaNa reta do meu desejoNa relação entre corposNa paz do último beijo Cada verso é uma sementeNo deserto …

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Sem sal

Não aceitou o nosso fimTá desesperado, falando de mimTá me queimando por aíMeu nome na sua boca anda bem docin’ E quem ouve palavra não ouve pensamentoTá se mordendo por dentro, tá se mordendo por dentroCara amarrada não apaga sentimentoTá se mordendo por dentro, tá se mordendo por dentro Tá espalhando por aí que eu …

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Pobre milionária

Pobre milionáriaComo sofre nesta vidaSem ter alguém que lhe chame de querida Rica de dinheiro, de saúde e de bondadeMesmo assim não encontra a felicidadeNão é muito jovemMas ainda é seduçãoQuase que me fazesEsquecer a minha obrigação Pobre milionária se eu pudesse te dariaO meu carinho e a minha companhia

O samba do operário

Se o operário soubesseReconhecer o valor que tem seu diaPor certo que valeriaDuas vezes mais o seu salário Mas como não quer reconhecerÉ ele escravo sem serDe qualquer usurário Abafa-se a voz do oprimidoCom a dor e o gemidoNão se pode desabafar Trabalho feito por minha mãoSó encontrei exploraçãoEm todo lugar

Deixa queimar

Deixa queimarQue se dane se nada sobrarE vai doer, isso é bomAcordo sem arSei lá o que me dáPensando em você do meu ladoE ouvindo sua voz distante de mim Tenho que dizerQue o meu amorÉ intenso demaisE não é inventadoDeixa acontecerFaz o seu rolêMas fica do meu lado Tenta entender que se for assimVai …

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Sem mentir

Vim aqui pra te avisarQue o futuro já acabouE a gente é sobreviventeNão precisa se assustarEu caminho com vocêNesse inferno permanente Eu cheguei pra te explicarQue a vida é um emburrecerE a culpa é da genteSe você quiser ficarEu vou te deixar aquiSó posso olhar pra frente Abre a portaDeixa irAbre a bocaSem mentir Vim …

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Sem medo

Até começarToda flor tem seu tempo de desabrocharO sol vem trazerO seu passaporte da manhãSem medoVem a chuva, vem o ventoEu quero tempoVem a chuva, vem o ventoEu quero tempo Vem vindoQue eu gosto por demais desse teu sorrisoSorrirLivra toda essa decepção E absorver a lei que diz que tudo pode serTudo é pra aprenderTudo …

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É tudo para ontem

Talvez seja bom partir do finalAfinal, é um ano todo só de sexta-feira trezeCê também podia me ligar de vez em quandoEu ando igual lagarta, triste, sem poder sair Aqui o mantra que nos traz o centroEnquanto lavo um banheiro, uma louça, querendo lavar a almaNa calma da semente que germinaQue eu preciso olhar minhas …

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Cartinha cor de rosa

A cartinha que eu ontem acheiNa janela do meu bangalôEra tua, eu logo adivinheiPorque meu coração palpitouPequenina de róseo matizPerfumada tal qual uma flor E me fez um instante felizPensando em teu amorMas quando a li, a palpitarQue tristeza, que desilusãoEu vim a saber que infelizmenteJá não é só meu, teu coração A cartinha que …

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Respeita Januário

Quando eu voltei lá no sertãoEu quis mangar de JanuárioCom meu fole prateadoSó de baixo, cento e vinte, botão preto bem juntinhoComo nêgo empareadoMas antes de fazer bonito de passagem por GranitoForam logo me dizendoDe Taboca à Rancharia, de Salgueiro à Bodocó, Januário é o maior!E foi aí que me falou meio zangado o véi …

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Rock da barata

Pisei numa barataCom o meu pé direitoHaha, haha, haha, haha, hahaEla estava enchendo –Era o único jeito! Matei minha barata de estimaçãoAgora quando olho pro tapeteDói, dói, dói, doiDoi no coração!Ahh! Pisei numa barataCom o meu pé direitoHaha, haha, haha, haha, hahaEla estava enchendo –Era o único jeito! Pisei com tanta vontadeDepois me arrependiAgora já …

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Fim de semana em Paquetá

Esquece por momentos teus cuidadosE passa teu domingo em PaquetáAonde vão casais de namoradosBuscar a paz que a natureza dá O povo invade a barca e lentamenteA velha barca deixa o velho caisFim de semana que transforma a genteEm bando alegre de colegiais Em Paquetá se a lua cheiaFaz renda de luz por sobre o …

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Amar a uma só mulher

Amar a uma só mulherDeixando as outras todasSempre em vãoPois a uma só a gente querCom todo o fervor do coração Quem pintou o amor foi um ceguinhoMas não disse a cor que ele temPenso que só deus dizer-nos vemEnsinando com carinhoA pura cor do querer bem Quem pintou o amor foi um enxeridoDecorou também …

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Cantar

Se numa noite eu viesse ao clarão do luarCantando e aos compassos de uma cançãoTe acordarTalvez com saudade cantasses tambémRelembrando aventuras passadasOu um passado feliz com alguém Cantar quase sempre nos faz recordarSem quererUm beijo, um sorriso, ou uma outra ventura qualquerCantando aos acordes do meu violãoÉ que mando depressa ir-se embora saudade que mora …

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